E se colocarmos os dois protagonistas em paralelo, não é apenas porque os jogos que os apresentam se sucedem: Tales of Berseria se passa no mesmo mundo de Tales of Zestiria, mas um milênio antes. Seguimos, portanto, Velvet, uma jovem de cabelos grossos, que perdeu sua irmã mais velha durante a abertura da Fenda Demoníaca, quando ela e seu irmão mais novo Laphicet eram apenas bebês. Desde este evento, eles viveram ao lado de seu cunhado e mentor, Artorius, todos os três reclusos em sua aldeia, enquanto a praga que transforma humanos em demônios continua a devorar o mundo lá fora. Uma paz relativa que durará apenas alguns anos, até que o enigmático Artorius revele um rosto completamente diferente e opte por sacrificar o jovem Laphicet para ganhar o poder de repelir o flagelo. Dilacerada pela dor, Velvet revelará sua natureza parcialmente demoníaca, através desse monstruoso braço esquerdo capaz de absorver seres mágicos, e ficará presa por três anos. Um período que ela usará para forjar uma vontade infalível de vingança.
UMA MÃO DE FERRO EM UMA LUVA DE VELUDO
Se Tales of Berseria pode ser considerado um pouco melhor que Xillia ou Zestiria, é, portanto, principalmente graças à sua heroína de inegável carisma. Se seu plástico ainda deve fazer as pessoas se encolherem, a jovem demônio surpreende por sua escuridão, por sua determinação em realizar sua vingança custe o que custar. Endurecida por seus anos de prisão, mas sobretudo devorada por sua natureza maligna que gradualmente apaga seus sentimentos humanos, ela segue a aventura sem se preocupar com os danos que pode causar em seu rastro. Não importa se ela tem que cometer assassinato, se ela tem que usar as pessoas como meras ferramentas, se ela tem que trair a confiança dos outros ou ferir as pessoas infelizes que escolhem segui-la, Velvet está cega por sua sede de vingança e deve admitir-se que isto lhe confere uma espessura particularmente apreciável. Principalmente quando se conhece a falta de carisma dos últimos heróis da saga (um deles também ficou tristemente calado). E devemos admitir que é ela quem reboca um elenco com uma tipologia que acaba por ser bastante clássica para um J-RPG. Tales of Berseria também adota o sistema de esboços animados no estilo mangá para fazer todo esse pequeno mundo interagir, dando corpo ao cenário ou simplesmente iluminando a atmosfera bastante pesada.
VELOCIDADE DE CRUZEIRO
Este novo episódio não vai atrapalhar seus hábitos nem em termos de ritmo nem de estrutura, já que está dividido entre fases de exploração, masmorras e grandes lutas. Difícil falar de missões principais ou missões secundárias em outros lugares, na medida em que Berseria permanece muito intervencionista. Os extras assumirão mais a forma de atividades adicionais, como caçar demônios Code Red, cozinhar, abrir baús minuz ou até mesmo explorar o mundo através do gerenciamento de missões de reconhecimento. Cada vez, estes são apenas facilitadores da missão principal ou, mais simplesmente, missões que lhe oferecerão itens cosméticos. Estamos longe de nos depararmos com um enorme trabalho para integrar essas atividades secundárias à trama, mas pelo menos elas têm o mérito de não invadir a busca principal de uma maneira muito desajeitada, e podem ser evitadas se parecerem você desagradável. A busca principal, por outro lado, sofre cada vez que muda para fases assustadoras de exploração, seja ao ar livre ou em labirintos excessivamente tristes. O único interesse, então, está em coletar objetos para fabricar ou comprar equipamentos.
Mais uma vez, a série se destaca pela pobreza geral de seus cenários, que carecem muito de vida e detalhes.
Como seus mais velhos, Tales of Berseria novamente fica para trás tecnicamente, o que tende a ser reduzido, mas que permanece considerável. A culpa das versões desenvolvidas tanto no PS3 quanto no PS4 por uma questão de metas de vendas. Os modelos de personagens e animações ganham, portanto, um pouco de sutileza nesta nova obra. O aliasing é muito menos perceptível do que antes, os tempos de carregamento diminuíram e a taxa de quadros parou de falhar. Mas é a menor das coisas que você pode esperar quando vê a renderização geral do jogo. Mais uma vez, a série se destaca pela pobreza geral de suas decorações, que carecem muito de vida e detalhes (tanto quanto antes novamente, o recorte está lá, bem presente, para quebrar a imersão); uma observação ainda mais óbvia nas masmorras que, além de tristes, são realmente visualmente repetitivas. Se somarmos a isso o design pouco inspirado de certos inimigos, acabamos concluindo que Berseria ainda é uma decepção para a retina. Pelo menos para um jogo de 2017!