Lembre-se, no final de Mass Effect 3, a Iniciativa Andrômeda enviou quatro Arcas (naves Picard cheias de colonos congelados) para uma nova galáxia. O objetivo era claro: permitir que a Humanidade e as outras raças da Via Láctea encontrassem um pequeno ninho aconchegante se as coisas ficassem muito ruins com os Colecionadores. No programa: um vôo de mais de 600 anos em direção a vários planetas da galáxia estudados de longe e cujos resultados indicam que seriam "Mundos Dourados", ou seja, planetas paradisíacos perfeitos para colonização. Infelizmente, no meio milênio gasto viajando, muitas coisas mudaram quando você chegou lá. Os planetas provam ser inóspitos, então você tem que procurar novos lugares para se estabelecer. Essa exploração é o trabalho do nosso novo herói, Ryder, um pioneiro que obviamente pode ser personalizado de A a Z no início do jogo. De nossa parte, preferimos optar pelos personagens pré-estabelecidos com a escolha entre Scott Ryder ou Sarah Ryder. Os dois são irmão e irmã, então dependendo da escolha do jogador, o segundo personagem será um NPC pelo resto da aventura. Concretamente, como pioneiro, o papel do jogador é, portanto, explorar a galáxia em busca de locais para colonizar, mas também estabelecer relações diplomáticas com as várias facções presentes; e, claro, lutar contra aqueles que não concordam com esta filosofia de vida. Com Andrômeda, a BioWare, portanto, adota a visão oposta dos primeiros episódios, já que os humanos não precisam mais repelir uma raça alienígena invasora, pois eles se tornam a raça invasora. Essa mudança de ponto de vista é bastante bem-vinda na medida em que permite novas situações, principalmente aquelas de ter que enfrentar locais pouco acolhedores, porque queimados por seus encontros anteriores com outras raças que habitam o universo.
ATRAVÉS DA CADEIA NEBULAR!
Infelizmente, você logo percebe que a BioWare reciclou muitas coisas, incluindo a ideia principal de que uma antiga e altamente avançada civilização alienígena deixou sua tecnologia ultra-avançada espalhada por todo o lugar. Depois de mais de 2.5 milhões de anos-luz de viagem, nos encontramos com uma espécie de governo central habitando uma estação espacial, a Nexus, que se parece muito com a antiga Cidadela. Da mesma forma, cada raça conhecida tem sua arca. Encontramos, portanto, os salarianos, os asaris e os turians, mas também os kroganos que se incrustaram um pouco em cada arca. Apenas três raças aparecem: o Angara (um povo local), o Kert (os alienígenas desagradáveis do jogo), mas também alguns robôs que vagamente substituem os Geths. Isso nos dá a impressão de que Andrômeda é bastante vazia de vida, dadas as múltiplas raças cada uma com sua história bem desenvolvida que pudemos ver na trilogia inicial. Além disso, esse uso das raças existentes é encontrado na composição da tripulação de seu navio, o Tempest, que acaba por incluir um personagem de cada espécie, com exceção do malvado Kert. Até encontraremos um Turian usando óculos de realidade aumentada, assim como Garrus. Inevitavelmente, diante do elenco hiper-carismático da primeira trilogia, nos sentimos um pouco sozinhos, Ryder sendo um dos únicos a ter uma personalidade real com Peebee, uma jovem Asari muito faladora. Com o passar do tempo, você percebe a falta de caráter a ponto de toda a sua pequena equipe finalmente se dar muito bem, quaisquer que sejam suas escolhas ou preferências. Lamentamos a presença de um personagem um pouco diferente, como o Krogan Wrex que queria explodir a equipe na trilogia original.
EFEITO DORCEL
A maneira mais segura de se divertir com esse elenco é usar as loucas habilidades de sedução do herói. Ryder será capaz de flertar como um animal e, fazendo isso corretamente, a Tempestade poderá se tornar mais quente do que um set de filmagem de Marc Dorcel. Heterossexual, gay, entre espécies, a BioWare tem tudo planejado para satisfazer seus instintos básicos, incluindo cenas de sexo real dignas de um bom pornô suave. Nesse ponto, houve claramente um progresso desde a primeira trilogia. Essas comparações incessantes, assim como os closes dos interlocutores, nos fazem confirmar o que você já sabe: as animações faciais de Mass Effect Andromeda são uma merda. Mesmo. A culpa do motor Frostbite que nunca brilhou neste ponto. Felizmente, o problema só é chocante quando se dirige aos Humanos, sendo o desastre muito menos visível nas diferentes raças alienígenas, sobretudo porque temos direito a uma excelente dublagem, mesmo nos personagens mais insignificantes. O cuidado com os diálogos também está muito presente graças ao novo sistema de diálogos, que agora oferece 4 opções de resposta ao invés do sistema maniqueísta da trilogia inicial.
Essas comparações incessantes, assim como os closes dos interlocutores, nos fazem confirmar o que você já sabe: as animações faciais de Mass Effect Andromeda são uma merda. Mesmo. A culpa do motor Frostbite que nunca brilhou neste ponto.
Se este sistema permite ter muitas opções de abordagem, na verdade é menos impactante, não sendo a BioWare capaz de realizar tantas alternativas de cenário quanto respostas. Em vez de a escolha "mocinho / bandido" ter um impacto real no cenário, acabamos com um cardápio extenso, mas que ainda carece de sabor, sendo as consequências quase insignificantes. Essa falta de influência nas escolhas também é um dos piores aspectos de Mass Effect Andromeda. Façamos o que fizermos, agora temos muito menos latitude do que antes. Mesmo o final do jogo parece ser impermeável às escolhas feitas durante a aventura, o único impacto que pudemos ver foi a presença – ou não – de seus companheiros dependendo do seu relacionamento com eles. Além disso, sem querer dar spoilers, saiba que se a escrita foi amplamente criticada (especialmente uma troca bastante ruim no início do jogo com pausas suspeitosamente longas entre cada resposta), é apenas sobre as primeiras horas de jogo. bem encaminhado, encontramos todo o talento da BioWare que nos destila um cenário muito interessante com diálogos bem esculpidos.
O EFEITO KISS KOOL
No geral, as missões principais e semi-principais são de boa qualidade, trazendo sua parcela de emoção e atividades prazerosas. Como muitas vezes nos RPGs, quanto mais longe do enredo principal, mais simples e redundantes as missões se tornam. Teremos assim muitas pequenas missões FedEx onde teremos que ir e voltar entre diferentes NPCs. Felizmente, nada é obrigatório e a aparente desconexão que vimos entre nossas ações e o final do jogo sugere que a BioWare não queria penalizar os jogadores que não desejam platinar o jogo antes de conseguir terminar o quadro principal. Por uma questão de clareza, cada busca é identificada em um registro copioso, mas claro, para que não sejamos afogados na massa de atividades disponíveis. Você também pode escolher as missões diretamente do mapa, para jogá-las em ordem de proximidade geográfica e assim evitar multiplicar as viagens. Grande parte do jogo se resume a explorar novos planetas e, em seguida, eliminá-los antes que eles possam acomodar um novo posto avançado da Iniciativa Andrômeda, que será preenchido com colonos recém-descongelados. A manutenção passará pelo contato com os nativos, mas também pela visita a misteriosos monólitos alienígenas que podem modificar o clima. Estes atuam como masmorras e oferecem quebra-cabeças geralmente baseados em Sudoku. Um sistema bastante bem feito que contrasta com o resto do jogo, e que não vai tão longe a ponto de fritar seu cérebro graças à boa acessibilidade. Além disso, uma vez atendido o planeta, você terá direito a um mini-chefe para poder desenhar serenamente na pilha depois de tanta reflexão. Esses planetas são bem modelados, muito menos vazios do que na trilogia inicial e bastante abertos, mesmo que prefiramos falar de um mundo semiaberto do que de um mundo aberto real. A BioWare permanece fiel à sua abordagem de ficção científica com um planeta desértico no estilo Tatooine, um planeta congelado semelhante a Hoth, um asteróide de baixa gravidade ou até uma selva impenetrável que você terá que explorar a pé. Para passear serenamente em áreas mais abertas, temos o Nomad, uma grande máquina de seis rodas com um comportamento bastante amigável.
Grande parte do jogo se resume a explorar novos planetas e, em seguida, eliminá-los antes que eles possam acomodar um novo posto avançado da Iniciativa Andrômeda, que será preenchido com colonos recém-descongelados.
Ao volante do Nomad, você pode correr no modo de tração nas quatro rodas, ativar o modo de tração nas seis rodas para subir encostas íngremes e até usar o impulso ou foguetes para acelerar e fazer pequenos saltos. A condução é realmente afetada pelo terreno, pois você pode deslizar no gelo ou fazer saltos loucos em condições de microgravidade. Nesse ponto, a BioWare fez um bom trabalho porque a exploração de planetas nunca se torna chata, principalmente graças ao uso inteligente de muitas cápsulas lançadas da Tempest. Estes servem como um ponto de viagem rápida, o que evita as incessantes idas e vindas após o término da fase de exploração. Esse ganho de acessibilidade também pode ser visto com a exploração intergaláctica onde você só precisa ir ao lado de um planeta para saber imediatamente se algo interessante está lá. Chega de passar horas escaneando tudo à mão para obter minério. No entanto, quem gosta de minerar encontrará um sistema semelhante a bordo do Nomad, que possui um scanner geológico que permite conhecer os recursos escondidos sob seus pés. Tudo o que resta é enviar um drone para recuperar o que lhe interessa. Tudo isso será, portanto, usado para criar armaduras, armas e até melhorias para o Nomad, a fim de ser sereno durante o combate. Estes últimos são particularmente bem sucedidos graças à nova abordagem adotada pelo estúdio. Em primeiro lugar, Ryder agora pode se esconder atrás de praticamente qualquer superfície por meio de um sistema automático bastante eficiente. Assim que a arma estiver fora e alguém se aproximar de uma superfície vertical, Ryder se encolherá atrás dela, agachando-se automaticamente, se necessário. A partir deste esconderijo, você pode atirar às cegas ou sair para carregar sua arma, um pouco como em Gears of War. O jogo oferece uma verticalidade sem precedentes que apreendemos graças ao jetpack com o qual Ryder está equipado.
CIÊNCIAS E VIE JUNIOR
Podemos, assim, correr como loucos, pular, escalar e até ficar no ar por alguns momentos para sobrecarregar os inimigos que acampam um pouco demais em seu esconderijo. As lutas são nervosas, e a IA é muito boa, não hesitando em contorná-lo alegremente se puder, apenas para matá-lo. Da mesma forma, as reações em combate são bastante críveis com os inimigos se escondendo quando você atira neles e tirando as granadas para continuar lutando uma vez encurralado. Para derrotá-los, existe um arsenal de armas muito variado, assim como os tradicionais poderes tecnológicos e bióticos que podem ser equipados em Ryder. Longe da difícil escolha dos episódios anteriores, Mass Effect Andromeda oferece a possibilidade de criar perfis diferentes (com três poderes para escolher por perfil), sabendo que você pode alternar de um perk para outro no meio de uma luta, embora seja ao custo de um pequeno cooldown. A arte da guerra não evoluiu muito, com as combinações certas de poderes ainda oferecendo a possibilidade de desencadear combos devastadores. Esse sistema também é um pouco limitado, pois não podemos dar ordens específicas aos nossos aliados além das instruções de posicionamento. Estaremos, portanto, sozinhos para realizar esses combos, limitados aos três poderes da paleta utilizada. Dito isto, os aliados não são inúteis, eles são até diabolicamente eficazes se você pensar em atribuir seus pontos de habilidade a eles. As lutas evitam a armadilha da repetição graças a uma oferta bastante variada de oponentes, cada um com seu próprio estilo de luta e suas fraquezas. Embora os tiros na cabeça geralmente funcionem muito bem, alguns inimigos têm pontos fracos em outros lugares. Será então necessário descobri-los e otimizar tudo, caso contrário a impressão de lidar com malas com PV chegará rapidamente. Finalmente, para se emancipar dessas IAs e fazer combos com várias pessoas, iremos para o multiplayer muito bom que oferece missões específicas que são muito lucrativas em créditos. Não entre em pânico se você é do tipo solitário, podemos enviar IA para fazer essas missões e ainda receber as recompensas.
Tecnicamente, Mass Effect Andromeda sempre permanece contrastante. Graficamente, tendo testado o jogo no PC, não tivemos reclamações. O jogo roda perfeitamente em uma placa gráfica com mais de 3 GB de VRAM, sem saltos ou problemas na taxa de quadros. Em uma GTX 970, conseguimos rodar o jogo totalmente com todas as opções, prova do bom trabalho feito pela BioWare. Nos consoles, o resultado é menor com muitas quedas de framerate, os jogadores de Zelda Breath of the Wild vão se sentir em casa. Por outro lado, em nossa versão de teste que ainda não possui as atualizações, o jogo ainda oferece muitas falhas, desde o simples bug de colisão até o grande bug mais chato que nos impede de realizar certas missões. Nunca conseguimos embarcar na arca de Turian para realizar nossa missão lá, por exemplo. Vamos torcer para que esses problemas sejam corrigidos pelos desenvolvedores antes do lançamento do jogo.Também notamos um nível desigual nas animações. Enquanto alguns são muito ruins, outros são excelentes, e alguns detalhes até nos chamaram a atenção, como os rastros deixados pelo Nomad no solo, ou certos efeitos climáticos.