A GRANDE FAMILIA
Artefatos de vários tipos permitem que a jogabilidade seja renovada regularmente, sejam graças divinas concedendo bônus ao longo do curso atual, relíquias recarregáveis para serem acionadas no momento mais oportuno, encantos temporários, obeliscos que afetam todos os jogadores por alguns minutos, ou até runas modificando o ataques dos personagens de forma mais ou menos radical. Todos esses bônus desaparecem quando voltamos à casa de Bergson, mas ainda é possível melhorar permanentemente nossos personagens, seja por meio de uma árvore de habilidades que é desbloqueada à medida que a experiência é adquirida, ou graças ao Livro de Rea e à Oficina de Ben, ambos permitem que você melhore certas características em troca das moedas coletadas nas masmorras. Todos esses elementos não são realmente uma surpresa, eles apenas confirmam que estamos de fato lidando com um rogue-like. Mas Filhos de Morta tem mais de um truque na manga...
Difícil resistir ao charme de Children of Morta, mesmo que alérgico a pixels grandes pode ficar um pouco cinza no início. Felizmente, a pixel art não carece de qualidade e, acima de tudo, a jogabilidade não sofre de falhas.
Uma de suas particularidades vem da possibilidade de incorporar seis personagens diferentes, todos membros da mesma família, mas oferecendo estilos de luta muito distintos. Começamos com John, o único lutador a possuir uma espada e um escudo. Linda prefere usar o arco, enquanto Kevin é adepto de punhais e ocultação. Mark atrai os inimigos para ele com uma chicotada e, em seguida, executa movimentos de artes marciais com as próprias mãos. Finalmente, Lucy lança bolas de fogo devastadoras enquanto o grande Joey desfere golpes de martelo lentos, mas poderosos. Mesmo que alguns personagens sejam muito mais ágeis que outros, é preciso fazer bom uso da esquiva em todos os casos, o que torna as lutas ainda mais interessantes. O jogo usa um sistema de fadiga para nos encorajar a trocar de lutador de tempos em tempos, e assim fazer com que todos ganhem pontos de experiência. Este princípio é ainda mais importante e bem visto, pois Children of Morta oferece um sistema de habilidades "transversais". Por exemplo, quando Lucy atingir o nível quinze, ela lançará uma isca a cada cinco minutos... mesmo quando o jogador estiver controlando outro personagem!
Quando Kevin atinge o nível vinte, todos os personagens aumentam o dano de acerto crítico. A partir do nível quinze, John aparecerá para proteger qualquer membro da família que deveria ter sofrido um golpe fatal. E assim por diante para cada um dos seis membros da família, o que leva ao desbloqueio de um total de vinte e quatro dessas habilidades muito especiais (além das sessenta habilidades mais clássicas e individuais). Além desse aspecto familiar que afeta a jogabilidade, a outra grande particularidade de Children of Morta diz respeito à importância da narração. Embora esse aspecto geralmente fique em segundo lugar nos rogue-likes, é essencial aqui e habilmente destilado através de muitas pequenas cenas exibidas durante o retorno à casa da família. Alguns vêm para recompensar uma missão bem-sucedida ou um objeto desenterrado em uma masmorra, enquanto outros são jogados por nossas vitórias e derrotas. Às vezes anedóticas, às vezes tocantes, essas mini-cutscenes reforçam o vínculo entre os personagens e o jogador, que quase tem a sensação de fazer parte da família.
DOIS É AINDA MELHOR
Assim apresentada em pequenos toques, a narração também participa ao final da sensação de progressão típica dos rogue-likes. Deve-se notar também que o jogo é muito menos repetitivo do que outros títulos do gênero, graças, entre outras coisas, a esse cenário que está em constante evolução. Por outro lado, a vida útil não é excepcional, pois você pode ver o final da aventura em uma boa dúzia de horas, e levará cerca de vinte para que todos os personagens estejam no máximo. No departamento quente/frio, também podemos mencionar o modo cooperativo, que aumenta muito o prazer de navegar pelas masmorras, mas que está limitado no momento ao local. O modo cooperativo online é de fato planejado pelos desenvolvedores, mas será necessário esperar um patch para vê-lo aparecer. Também esperamos que as próximas atualizações também corrijam os poucos pequenos problemas de interface ainda presentes.
Por outro lado, a vida útil não é excepcional, pois você pode ver o final da aventura em uma boa dúzia de horas, e levará cerca de vinte para que todos os personagens estejam no máximo.
Por enquanto, o jogo não gerencia a troca automática entre o teclado e o controle (o primeiro dispositivo ativado permanece master), às vezes exibe os comandos do controle ao jogar no teclado (e vice-versa), é um pouco miserável nas dicas de ferramentas e, às vezes, fica confuso ao selecionar dois personagens no modo cooperativo. Tudo isso não é catastrófico, mas um pouco de polimento extra só pode fazer bem. Por fim, resta abordar a questão dos gráficos, que irão encantar alguns jogadores e deixar outros muito mais cautelosos. A pixel art usada aqui favorece pixels muito grandes e ignora qualquer noção de perspectiva. Isso é um pouco chocante à primeira vista, especialmente quando a encenação se atreve a ampliar os personagens além do valor padrão. Depois a gente se acostuma…. e até acabamos apreciando a grande precisão das animações, a qualidade dos efeitos de iluminação e a beleza de determinados panoramas. Se as capturas de tela picarem seus olhos, não se ofenda demais e confie em nós: Children of Morta claramente vale o desvio!