Bad Man, pai de Bad Girl, busca vingança por sua filha, que foi assassinada por Travis Touchdown no primeiro episódio de No More Heroes. Mas quando ele aterrissa no trailer de seu alvo, ele descobre que o homem com o "beam katana" possui o Death Drive Mark II, um console de jogos lendário em mais de uma maneira. Conectado ao sistema nervoso do jogador, funciona como um ótimo equipamento de realidade virtual. Além disso, ele e seu catálogo de seis jogos exclusivos nunca foram lançados comercialmente. Mas, acima de tudo, há rumores de que, ao completar esses seis jogos, um desejo pode ser concedido. Bad Man e Travis, portanto, decidem cooperar (literalmente, se você decidir passar pela aventura com um amigo) para ressuscitar Bad Girl. Este cenário bem barrado é acompanhado por um curativo gráfico delirante, que mistura cores psicodélicas, artefatos que simulam a leitura de uma fita VHS, zonas pixeladas representando insetos, cores sólidas, sombreamento forte e outros delírios dos quais Suda51 tem o segredo. Assim, você só pode economizar na hora de ir ao banheiro, e o folclore japonês é constantemente convidado para a aventura, seja por meio de fotos e receitas de ramen (sim, sim) ou até referências a diversos doces japoneses e outros maid cafés. Devemos acrescentar a tudo isso gloubi-boulga já carregado com inúmeros elementos do mundo dos videogames. As moedas coletadas nos níveis são usadas, por exemplo, para comprar camisetas relacionadas a muitos jogos independentes. Se você quiser que Travis use as cores de Papers Please, Superhot, Dead Cells, Hollow Knight ou Ruiner, é possível! Ponto positivo também para o logo sonoro do Death Drive, que retoma as duas notas popularizadas pela Sega no século passado. Ou para esta revista de videogames que apresenta os vários jogos de console em um estilo deliciosamente retrô (e ainda revela alguns códigos de truques realmente funcionais).
RETRO É DEMAIS
No entanto, Suda51 pode ter levado a nostalgia e as referências ao videogame um pouco longe demais. Além do hub que permite iniciar cada um dos jogos Death Drive (portanto, cada um dos níveis de Travis Strikes Again), os gráficos estão claramente lutando para seduzir. Você tem que se contentar com modelagem esboçada, efeitos especiais baratos e uma interface enorme que limita a tela real do jogo a um formato 4/3. Felizmente, a jogabilidade do tipo beat'em all é impecável. Dinâmico à vontade, oferece ataque rápido, ataque poderoso, ataque de salto, ataque carregado, rolo de esquiva e várias habilidades especiais para encontrar nos níveis e equipar. Apresentados na forma de "chips técnicos", todos esses ataques têm um tempo de carga e permitem que você agite os inimigos, emita vários tiros, crie uma dupla ação como isca, envie um choque elétrico, dispare um laser gigante de um satélite em órbita, lançar uma cápsula de gás em quatro direções, gerar uma zona de desaceleração para os inimigos, produzir uma zona de cura, lançar uma bomba pegajosa, transformar-se em um pião humano e mortal, ou erguer uma parede temporária de proteção. Todas essas capacidades resultam em um sistema de combate muito dinâmico e bastante agradável. E felizmente, porque constitui a essência da jogabilidade. Apesar de algumas variações de câmera (que podem favorecer uma visão aérea, de perfil ou de cima) e recriações raras (incluindo uma corrida de motos real-fake), os seis cartuchos do Death Drive podem ser resumidos em "avançar e matar o todo". Gostaríamos de ter um pouco mais de variedade. É certo que a caravana dá acesso a um modo de aventura pomposamente intitulado "Travis Strikes Back: Travis' Odyssey", no qual recuperamos os vários cartuchos destinados ao Death Drive. Mas são apenas longas telas de texto e imagens pixeladas exibidas em verde sobre um fundo preto em baixa resolução entrelaçada. Mais uma vez, o desejo de “ir retro” prejudica o prazer e o conforto visual. Essas fases são desnecessariamente falantes, chatas e realmente machucam os olhos!
UM JOGO QUE ENTRA NA (QUARTA) PAREDE
Atentos ao problema, os desenvolvedores tentam até mesmo passar o desinteresse dessas sequências pelo humor. Os personagens, assim, dividem diálogos como "estamos fazendo isso como um romance visual?" e outros "a maioria dos jogadores comprou este jogo pensando que era um jogo de ação, então não é para ler um romance de 800 páginas". Deve-se dizer, e desta vez é um ponto positivo, que o jogo não hesita em derramar no meta excessivo. Referência ao tutorial na fase tutorial, mini-chefes que nos questionam sobre o perigo dos mini-chefes, chefes que anunciam por texto suas mudanças de fase, personagens que estão preocupados com a futura classificação Metacritic do jogo, referência direta ao editora Devolver, referência indireta ao futuro No More Heroes 3, ou evocação franca da destruição da quarta parede são apenas alguns exemplos do que está reservado para os jogadores. Este último também poderá descobrir referências mais ou menos suportadas a Terminator 2, Deadpool, Twin Peaks, Zelda, Mappy, Unreal ou Hotline Miami. A Epic Games também está na festa já que o jogo não para de promover a Unreal Engine. A introdução cinematográfica na verdade faz uma pausa para ler "este jogo está sendo desenvolvido com o Unreal Engine 4, middleware incomparável e eminente da Epic Games", a maioria das roupas gratuitas de Travis se referem ao famoso mecanismo, e há até alguns itens que tomam forma de seu logotipo. Estamos perto de uma overdose… Mas as referências mais importantes são simplesmente aquelas relativas a outras produções do Suda51. Quem conhece The Silver Case, os dois episódios de No More Heroes, Killer is Dead ou mesmo Shadows of the Damned encontrará muitos lugares, nomes e rostos familiares com prazer. Por outro lado, os jogadores que não colecionarem as obras do estúdio Grasshopper Manufacture perderão muitas piscadelas e correrão o risco de ficar entediados rapidamente. Um jogo a ser reservado para os fãs, portanto.