Teste de Mafia III: uma oferta que você pode recusar?

Teste de Mafia III: uma oferta que você pode recusar?Depois de Lost Heaven, uma versão fictícia de Chicago, no primeiro Mafia e Empire Bay, inspirada em Nova York, no segundo, é a vez de New Bordeaux, em que reconheceremos facilmente Nova Orleans, para fazer sua aparição em série. Uma mudança significativa de tempo também está lá, já que estamos nos movendo para o final dos anos 60. Mas a maior reviravolta vem das origens e da história do herói. Afro-americano e ex-soldado recém-chegado do Vietnã, Lincoln Clay obviamente não faz parte da máfia italiana. Pelo contrário, sua jornada o levará a lutar contra Sal Marcano, o padrinho local. Lembramos que Mafia II foi estupidamente acusado de racismo anti-negro, e parece que a editora decidiu fazer as pazes. Até um pouco demais, já que o novo episódio dessa saga politicamente incorreta abre com duas mensagens tranquilizadoras e bem-intencionadas que logo arrefecem o entusiasmo. Em primeiro lugar, temos direito em letras pequenas ao tipo de discurso já visto em certas produções da Ubisoft em particular, que nos especifica aqui que o jogo “foi projetado e desenvolvido por uma equipe diversificada com crenças e afiliações religiosas variadas”. Em seguida, vem a segunda camada, que ignora todas as sutilezas e nos diz em tela cheia que os desenvolvedores acham "odiosas as mentalidades, palavras e atos racistas de certos personagens do jogo" e pensam que "não abordar esse aspecto tão real e vergonhoso de nossa passado teria sido ofensivo para milhões de pessoas que enfrentam intolerância, discriminação, preconceito e racismo em todas as suas formas, então e agora". Por outro lado, nenhuma mensagem para nos explicar que matar pessoas é ruim, que o tráfico de drogas não é bom, ou que na vida real é fortemente desencorajado passar no sinal vermelho e dirigir na direção errada...





UM NOVO BORDÉUS COM COXAS?
 

Teste de Mafia III: uma oferta que você pode recusar?Esse tipo de mensagem politicamente correta é ainda mais lamentável, pois o jogo não hesita em recorrer à triste história do nosso passado para apoiar sua narrativa. Eventos como a ascensão de Duvalier ao poder em 1957 são mencionados, e toda a história do jogo se desenrola através de vários flashbacks, que pontuam a audiência de John Donovan, chefe de operações paramilitares da CIA, que ajuda Lincoln em sua vingança contra a máfia italiana de Novo Bordéus. A ficção, portanto, se mistura com a realidade, assim como o presente se mistura com o passado, e o jogo acaba conseguindo nos manter em suspense ao longo da aventura. A escolha de colocar a ação em uma cidade do sul dos Estados Unidos também é criteriosa, já que esta Nova Orleans que não diz seu nome nos permite conhecer diferentes comunidades e visitar áreas bem diferenciadas, o festivo bairro francês não tendo por exemplo nada a ver com o bayous. Os temas abordados são adultos (prostituição, drogas, tráfico de todos os tipos, etc.), a violência é desinibida e a atmosfera de um filme de gângster perfeitamente respeitada.


Por outro lado, não há remédio real para as outras falhas do jogo que, infelizmente, são bastante numerosas. Principalmente no que diz respeito ao aspecto técnico, que deixa a desejar e denuncia um desenvolvimento interrompido cedo demais.


Teste de Mafia III: uma oferta que você pode recusar?Comparado com seus antecessores, o jogo inova ao introduzir um pequeno sistema de gerenciamento de bairros, um tanto reminiscente do Godfather 2, porém mais leve. Depois de liberar uma determinada área da cidade, você pode de fato atribuir o tráfego conectado a ela a um de seus coronéis. Ao fazer isso, você obterá uma renda regular e diferentes bônus de jogo, dependendo da personalidade escolhida. Entre estes, encontramos em particular Vito Scaletta, o herói de Mafia II, que ainda parece bem em 1968, apesar de algumas rugas e cabelos brancos adicionais. Este simpático camafeu nos ajuda a apreciar o sistema de coronéis que, objetivamente, sopra quente e frio. O aspecto de gestão é apreciável, mas o desenrolar dos eventos é um pouco sistemático demais. Minamos o trânsito para tirar seu gerente da mata, o assassinamos ou o colocamos do nosso lado, depois passamos para o próximo até que o chefão do bairro aponta a ponta do nariz. Tudo o que você precisa fazer é matá-lo e passar para o próximo distrito. Missões secundárias e algumas sutilezas de jogabilidade (como o tapping de bairros, que revela notavelmente a localização de revistas Playboy ou discos de vinil para colecionar) tentam trazer um pouco de variedade a essa rotina, mas isso não é suficiente para apagar o forte sensação de repetitividade. Portanto, é aconselhável jogar o jogo em pequenas sessões para aliviar esse problema.




CLASSIFICADO M PARA MADURO


Teste de Mafia III: uma oferta que você pode recusar?Por outro lado, não há remédio real para as outras falhas do jogo que, infelizmente, são bastante numerosas. Principalmente no que diz respeito ao aspecto técnico, que deixa a desejar e denuncia um desenvolvimento interrompido cedo demais. A inteligência artificial teria, portanto, merecido muito mais cuidado. Do jeito que está, a estupidez dos adversários é tamanha que jogar no modo infiltração é uma caminhada pela saúde. Bugs puros e simples também chegam às dezenas (problemas de colisão, espelhos não funcionais, mudança repentina na luz ambiente, etc.), enquanto os gráficos são muito irregulares. Enquanto algumas áreas e fotos lisonjeiam a retina, outras nos levam para trás alguns anos. Texturas sem graça, céu feio, gerenciamento rudimentar de detritos físicos… realmente não parece 2016. Pior ainda, Mafia III se sai pior que Mafia II em muitos pontos. Não é mais possível abrir o porta-malas dos carros, ir ao lava-jato automático, fechar as portas, abrir as torneiras, servir-se nas geladeiras, arrombar delicadamente as portas dos veículos, deixar pegadas sangrentas ao pisar em um cadáver, etc. O único consolo de tudo isso, algumas dessas lacunas devem ser preenchidas em breve pelos desenvolvedores, que anunciaram assim a chegada de roupas para o herói e personalização de veículos em um próximo patch. Será preciso isso e muito mais para colocar um pouco de bálsamo no coração dos fãs da saga, que podem legitimamente se decepcionar com este terceiro episódio desanimado. Uma pena, porque o curso de Lincoln Clay pela máfia continua interessante de seguir, e a cidade de New Bordeaux realmente não carece de ativos.

 



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