Vamos começar com uma pequena observação introdutória destinada aos poucos jogadores que ainda não conhecem o princípio de Total War: este novo episódio retoma o princípio geral da série, ou seja, uma mistura entre uma conquista de território por turnos e batalhas em tempo reunindo milhares de homens. Mas desta vez, trata-se de conquistar a China durante o período dos Três Reinos, ambientado por volta do ano 200, quando vários autoproclamados imperadores buscam dominar e reunir um território dividido pela força. Este contexto histórico sem precedentes para uma Total War traz naturalmente uma lufada de ar fresco para a série. É até particularmente exótico para nós ocidentais, como pode ser ilustrado pelas batalhas históricas disponíveis em paralelo com a campanha. A batalha de Xingyang, a conquista de Jiangdong, o cerco de Xiapi, a batalha do penhasco vermelho, a batalha de Changban e a invasão da província de Jing são necessariamente menos familiares para nós do que as façanhas de um Napoleão, por exemplo. Ganhamos assim em surpresa e descoberta mas, em contrapartida, podemos rapidamente sentir-nos perdidos no meio de vários nomes de personagens e lugares difíceis de identificar. Felizmente, o contexto chinês também permite que os desenvolvedores nos ofereçam uma experiência estética muito satisfatória. Os edifícios chineses têm classe, as cores do mapa estratégico são quentes e agradáveis e, acima de tudo, a interface está elegantemente vestida à moda chinesa. Para se convencer disso, basta olhar para a tela de reforma, que assume a forma de uma árvore real desenhada em nanquim e adornada com novas flores em cores vivas cada vez que você desbloqueia uma opção. A única desvantagem do ponto de vista gráfico: o motor usado para exibir as batalhas em tempo real não impressiona mais. No geral, continua muito bem feito e os soldados ainda são extremamente numerosos, mas os ambientes e texturas carecem de um pouco de detalhe para um jogo de 2019.
TROPAS CHEGAM A PÉ PELA CHINA
Para dizer a verdade, os soldados são ainda mais numerosos do que nunca, já que certas unidades podem reunir até duzentos e quarenta homens. Com três generais por exército e a possibilidade de cada um deles supervisionar seis unidades, está realmente começando a colocar muita gente no terreno. Essa não é a única novidade trazida por Três Reinos, que enriquece significativamente seus componentes de diplomacia e espionagem. Casamentos políticos, trocas de territórios, tratados diplomáticos, trocas comerciais e vassalagem estão, portanto, entre os possíveis acordos diplomáticos. E podemos acrescentar a isso a especificidade da facção liderada por Cao Cao, podendo esta última, graças a um recurso chamado Credibilidade, influenciar positiva ou negativamente as relações entre as diferentes facções. Isso permite, por exemplo, desencadear uma guerra entre duas facções, a fim de enfraquecer ambas as partes e vencer mais facilmente no final. Além disso, também é necessário levar em conta permanentemente a amizade ou a inimizade dos vários generais entre eles. Favorecer aqueles que se dão bem pode ser importante no campo de batalha. Quanto à espionagem, agora permite que você se infiltre em uma facção adversária, fingindo ser um nobre local. Three Kingdoms também se beneficia da herança RPG dos jogos dedicados ao Warhammer, com a presença de pontos de habilidade para distribuir e acessórios para equipar (armas, armaduras, montarias, apoiadores, etc.). Também é possível capturar heróis inimigos de várias maneiras: durante uma batalha, unindo a facção por meio da diplomacia, ou capturando seus melhores amigos, a quem eles tenderão a seguir.
Mas a mudança mais importante é a possibilidade (ativada por padrão) de iniciar batalhas no modo Romance. Nesse caso, o foco está nos heróis, cujo poder é tão alto que eles conseguem superar sozinhos vários grupos de soldados. A fadiga é então menos importante do que no modo clássico (aqui chamado de modo História) e os principais generais podem sobreviver a ferimentos que normalmente os teriam matado. Finalmente, este modo Romance também permite que esses mesmos generais se envolvam em um duelo no meio da batalha. Os soldados da base continuam a lutar entre si, mas não intervêm neste único combate. Como podemos ver, os desenvolvedores buscaram o equilíbrio certo entre fantasia e realismo histórico. E acertaram no alvo! Combinado com a mecânica ligeiramente "role-playing" mencionada acima, este modo Romance reforça a sensação de poder e o apego que temos aos heróis. E como ainda é possível favorecer batalhas mais clássicas, todos ficarão felizes. O jogo ainda parece mais destinado aos regulares de Total War do que aos novatos, pois sua extrema riqueza pode ser intimidante. Nós apenas arranhamos a superfície das muitas mecânicas de jogo neste teste, e há muito para assimilar e digerir tudo. O jogador novato, portanto, corre o risco de se sentir perdido. Por outro lado, deve-se notar que a série progrediu muito no nível técnico. O jogo está mais fluido do que nunca e, acima de tudo, sai em muito bom estado de acabamento. Já se foram os dias em que toda Guerra Total era atormentada por bugs. Three Kingdoms ainda mantém alguns maus hábitos em termos de conteúdo para download, já que um DLC pago está disponível assim que o jogo é lançado. Para o bem ou para o mal, a Sega é definitivamente mais forte que você...